domingo, 24 de julho de 2011

RVSM

Introdução

O que é isto do RVSM?

RVSM significa
Reduced Vertical Separation Minimum, e veio “rentabilizar” o espaço aéreo.

Porquê? Como? Veremos vais a frente…

Antes de mais, temos de conhecer o espaço aéreo primário, e a sua divisão.

Como todos sabemos, a separação mínima vertical entre aeronaves é de 1000’ até FL290, e acima disso é

2000’. Para uma questão de organização de espaço, a ICAO criou a regra ODD/EVEN em português, IMPAR/PAR,

segundo o eixo N-S (Norte – Sul), regra esta que pode ser alterada por cada autoridade aeronáutica competente,

mediante justificação.

Esta tabela que podemos observar, é respeitante a esta divisão. Para voar IFR, voamos em níveis inteiros

(terminam em 0) e para voar VFR, voamos em níveis “meios” (terminam em 5).

A paridade dos níveis de voo é segundo o algarismo central. Isto até FL290

ATENÇÃO: Só é permitido voar VFR até FL195.

Podemos mentalmente imaginar “P | I”. Onde o P de PAR fica do lado esquerdo e o I de IMPAR fica do lado

direito. Assim, um avião a voar para ESTE, deve voar em níveis IMPARES, e um avião a voar para OESTE, deve

voar em níveis PARES.

Como se pode ver, esta separação é feita entre os
Magnetic Track

Magnetic Track
é diferente de Heading.

Heading
é a direcção para a qual o avião está virado em relação ao

Norte.
Magnetic Track é a direcção do “caminho” que o avião faz em relação

ao Norte. Numa situação sem vento, ou com vento perfeitamente alinhado

com o eixo longitudinal da aeronave, o
Heading corresponde ao Magnetic

Track
. Já numa situação de vento não alinhado, o caminho que o avião faz

não corresponde com o
Heading.

Agora, que já sabemos correctamente se devemos voar PAR ou

IMPAR, vamos ver até onde se voa assim.

Um altímetro, por muito bom que seja, não indica sempre as altitudes

na perfeição. Como em tudo, este equipamento tem uma margem de erro

dentro da qual é considerado estar em operação normal. Fora dessa

margem, tem de ir a manutenção. Esta margem é de 60’ até FL300 e de 80’

até FL500.

Por estas e outras razões de segurança, a ICAO manda que a separação vertical mínima fosse de 1000’ até

FL290 e acima disso 2000’.

Como podemos calcular, logicamente que aviões a voar no mesmo sentido estão separados 2000’ até FL290

e 4000’ acima desse nível.

Para que não haja confusões, vamos voltar as atenções para um pormenor que passa por vezes

despercebido, e pode original graves problemas quando mal interpretado.

Até FL290, os níveis PARES ou IMPARES correspondem com a paridade do algarismo central. Ou seja,

sabemos que FL270 é IMPAR porque o 7 é um número Impar, tal como FL140 é PAR. Mas quando vamos para

níveis acima de FL290, já não é bem assim. Aqui, já temos de ter cuidado, e contar com 2000’ de separação mínima.

Por exemplo,
FL310 pode parecer IMPAR, mas na verdade é PAR. Porquê?

FL290 é IMPAR, e o próximo nível será PAR. Como a separação agora tem de ser de 2000’, a próximo nível

é FL310. Apesar do algarismo 1 ser Impar, FL310 é um Nível de voo PAR.

Podemos ver que os Níveis de Voo acima de FL290 são:

FL310
; FL330; FL350; FL370; FL390; FL410

Assim, a negrito temos os
PARES, e a itálico temos os IMPARES,

apesar de todos os algarismos centrais serem de paridade impar.

Entrada do RVSM

Como os níveis mais rentáveis para as companhias, e

consequentemente os mais requisitados estão, em média, entre FL290 e FL410,

houve uma pressão sobre a ICAO por parte das operadoras e da IATA, para que

criasse condições para que fossem possíveis mais níveis de voo na zona

“rentável”.

Assim, a ICAO criou o espaço aéreo RVSM, que está justamente entre

FL290 e FL410. As mudanças são simples.

Agora, tudo o que era até FL290 continua até FL410, e acima de FL410 é tal e qual como estava acima de

FL290.

Desta forma, foram “ganhos” 6 novos níveis de voo, o que possibilitou o dobro do tráfego aéreo na mesma

área.

Mas agora, para se poder voar neste espaço, RVSM, a aeronave tem de estar certificada e as tripulações

qualificadas. Para que a aeronave esteja certificada, tem de obrigatoriamente ter TCAS2 (que contempla RA –

Resolution Adrisory). Note-se que um RA tem prioridade acima de qualquer ATC, e o único equipamento com

prioridade acima do RA é o GPWS.

Uma aeronave/tripulação que não respeite os requisitos mínimos, não pode voar em espaço aéreo RVSM.

Ou voa abaixo de FL290, ou acima de FL410, ou contorna a zona RVSM. Espaço RVSM ainda não se encontra

operacional em todo o globo, mas dentro em breve estará.

Nota:

Aeronaves de Estado, tais como aviões militares, podem voar em espaço RVSM apesar de nem

sempre serem certificadas. Nestes casos, o ATC deve desviar o restante tráfego, de modo a garantir a separação de

2000’ da aeronave de Estado.

No caso de Portugal, a autoridade aeronáutica competente decidiu, por várias razões, que seria melhor o

Eixo de divisão IMPAR/PAR ser E-O (Este – Oeste).

Podemos mentalmente imaginar “P / I”. Onde o P de PAR fica do lado superior e o I de IMPAR fica do lado

inferior (como se tratasse de um dividendo e divisor). Assim, um avião a voar para NORTE, deve voar em níveis

PARES, e um avião a voar para SUL, deve voar em níveis IMPARES. Esta separação em termos de
Magnetic Track,

é:

090º a 269º -> IMPAR

270º a 089º -> PAR

Se voarmos em Portugal, devemos respeitar esta regra E-O e não a do espaço ICAO N-S. Na realidade, a

regra é respeitada em espaço aéreo controlado, pois em espaço aéreo não controlado (Classes F e G), respeita-se a

regra N-S.

Nota:

Quando se fala em separação N-S não significa que se voa NORTE/SUL, mas sim que o eixo de

separação é N-S. Assim, se o eixo é N-S, voa-se ESTE ou OESTE. Da mesma forma, quando o eixo de separação é

E-O voa-se NORTE ou SUL.

Na IVAO, utiliza-se sempre o eixo de separação N-S (ICAO), a menos que as divisões, como a nossa, digam

o contrário. Em Portugal voa-se com o eixo de separação E-O. Mas não se faz a diferença entre espaços aéreos

controlados ou não controlados. Voa-se segundo a regra independente das classes de espaço aéreo.

Fraseologia relacionada com operações RVSM da zona EUR

Frase Significado

(callsign) CONFIRM RVSM APPROVED

Para um ATC que queira confirmar a capacidade RVSM

do avião

*NEGATIVE RVSM status* Para um piloto reportar estado non-RVSM

*AFFIRM RVSM* Para um piloto confirmar capacidade RVSM

*NEGATIVE RVSM STATE AIRCRAFT*

Para um piloto de uma Aeronave de Estado reportar

estado non-RVSM

(callsign) UNABLE CLEARENCE INTO RVSM

AIRSPACE, MAINTAIN [
or DESCEND TO, or CLIMB

TO] FLIGHT LEVEL (número)

Autorização do ATC para espaço RVSM na zona EUR

*UNABLE RVSM DUE TURBULENCE*

Para um piloto reportar quando condições severas de

turbulência impedem a aeronave de manter as suas

capacidades de voar em espaço RVSM

*UNABLE RVSM DUE EQUIPMENT*

Para um piloto reportar a incapacidade de continuar em

condições RVSM devido a degradação ou mau

funcionamento de equipamento

*READY TO RESUME RVSM*

Para um piloto reportar que estão reunidas as condições

para resumir a operação em espaço RVSM, após um

impedimento por causas técnicas ou meteorológicas

REPORT ABLE TO RESUME RVSM

Para um ATC confirmar que tanto o avião como o piloto,

estão aptos a resumir as operações em espaço RVSM

* - Indica as transmissões da tripulação

Para mais informação, visite o site oficial:
http://www.ecacnav.com/rvsm/default.htm

Tiago Gonçalves, VID 155112

IVAO-PT 2005

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